Um boicote convocado por políticos de direita contra a marca Havaianas não teve impacto nas vendas das lojas em São Paulo. Gerentes de cinco lojas da capital, consultados, afirmaram que o movimento de clientes permaneceu o mesmo. Durante a temporada de Natal, os estabelecimentos estavam lotados, com filas que chegavam até a porta. O atendimento seguia normalmente, e não houve nenhum tipo de protesto. Os gerentes relataram ainda que a empresa não enviou orientações sobre a situação aos funcionários.
No Rio de Janeiro, imagens também mostraram grande movimento nas lojas. A origem da controvérsia é uma campanha publicitária estrelada pela atriz Fernanda Torres, que sugere que as pessoas não devem começar 2026 “com o pé direito”, mas “com os dois pés”.
Em uma pesquisa informal feita com dez clientes, cinco disseram que não tinham visto o comercial. Entre os que assistiram, três não se sentiram incomodados, enquanto dois expressaram críticas à campanha. Entretanto, um deles, mesmo insatisfeito, acabou comprando um par de chinelos.
Um cliente, o aposentado Giácomo Bianchini, de 72 anos, que se identifica como bolsonarista, manifestou descontentamento com o anúncio. Ele comprou um par de chinelos, mas apenas por sugestão da esposa, para presentear o filho do casal. Bianchini comentou que procurou sandálias da Ipanema, mas não encontrou.
Políticos como o ex-deputado Eduardo Bolsonaro e o deputado Nikolas Ferreira comentaram sobre a propaganda, sugerindo que ela refletisse uma posição ideológica da marca. Além disso, a repercussão também atingiu o mercado financeiro: as ações da Alpargatas, empresa que controla a Havaianas, tiveram forte queda na bolsa de valores.
Em Brusque, Santa Catarina, uma loja chamada Calçados Guarani vendeu rapidamente seu estoque de Havaianas após anunciá-las por R$ 1, em meio ao movimento de boicote incentivado nas redes sociais.
O empresário João Soares, de 64 anos, declarou que não comprará mais a marca e pretende deixar de usar os produtos que já possui em casa. Para ele, o comercial foi desnecessário. Em contraponto, a aposentada Zuleica Maranhão, de 69 anos, considerou a controvérsia uma “bobagem”. Segundo ela, expressões como “entrar com o pé direito” são comuns e não deveriam gerar tanta confusão. Ela destacou que, em sua visita à loja, aproveitou para comprar vários chinelos como presentes para seus netos e seu marido.
Outro empresário, Matheus Hermínio, de 34 anos, mencionou que gostaria que a propaganda fosse uma crítica mais direta a figuras da direita. Para ele, o impacto da propaganda depende do lado político que ela aborda.
No geral, muitos clientes afirmaram que a qualidade do produto é mais importante do que a repercussão da campanha publicitária. O bancário Diego Silva, de 36 anos, afirmou que o comercial foi sutil e, ao comprar um chinelo para seu filho pequeno, destacou que esse era seu verdadeiro foco.
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