Brasil busca integrar novos países na Constelação de Satélites do Brics

    O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Chamon, anunciou que o Brasil está trabalhando para incluir novos membros na Constelação de Satélites de Sensoriamento Remoto do Brics. O objetivo principal é diminuir a desigualdade tecnológica no setor espacial entre os países que fazem parte deste grupo.

    A constelação foi criada em agosto de 2021, quando os membros eram Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Agora, países como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã também se juntaram à iniciativa. Essa colaboração visa a construção de uma rede virtual de satélites que permite o compartilhamento de dados, especialmente em situações de emergência.

    Essa rede espacial tem um papel importante no monitoramento de questões ambientais, como desmatamento e mudanças climáticas, além de ajudar na resposta a desastres naturais. Um exemplo do uso dessa tecnologia é a produção de imagens de Belém (PA), que será uma demonstração da capacidade desses países na área espacial. O Brasil tem como meta realizar essa entrega até a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP), que ocorrerá em novembro, na capital paraense.

    Como Funciona a Constelação

    Atualmente, os satélites que fazem parte da Constelação de Sensoriamento Remoto do Brics incluem:

    • CBERS-4 (uma parceria entre Brasil e China)
    • Kanopus-V (da Rússia)
    • Resourcesat-2 e 2A (da Índia)
    • GF-6 e ZY-3/02 (da China)

    Dados desses satélites são recebidos em estações terrestres localizadas em Cuiabá (Brasil), Moscou (Rússia), Shadnagar-Hyderabad (Índia), Sanya (China) e Hartebeesthoek (África do Sul). Cada país tem acesso apenas às imagens espaciais de seu próprio território.

    A Rússia sugeriu a formação de um Conselho Espacial do Brics para coordenar os projetos em conjunto. Essa proposta foi apresentada durante uma reunião de agências espaciais em Moscou, em maio de 2024. O Brasil apoia a ideia, ressaltando que o grupo Brics é informal e não possui um organismo específico para gerenciar esses projetos.

    Desafios do Lixo Espacial

    Marco Antonio Chamon também destacou um problema crescente: o lixo espacial. Com o aumento do número de empresas que lancem foguetes e explorem o espaço, muitos satélites que falham acabam se tornando lixo, dificultando as operações. O Brasil já enfrentou incidentes em que seus satélites foram atingidos por fragmentos.

    Atualmente, existem mais de 130 milhões de fragmentos de lixo na órbita terrestre, o que se torna um desafio para a sustentabilidade e segurança de operações espaciais. Chamon mencionou que esses incidentes têm se tornado mais frequentes e são um dos tópicos que precisam ser discutidos entre os países do Brics.

    Reunião de Ministros do Brics sobre Assuntos Espaciais

    Nos dias 28 e 29 de abril, o Brasil realizou a primeira reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics voltada para assuntos espaciais. O encontro contou com a presença de representantes dos países membros, incluindo China, Egito, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã, Rússia, Arábia Saudita e África do Sul. Durante a reunião, foram discutidas estratégias e avanços em projetos espaciais, reforçando a importância da colaboração internacional nesta área.

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