Chopsticks e Garfos: Uma Viagem pela História dos Utensílios

    Quando a maioria das pessoas na Europa começou a comer com garfos, os hashis, como são conhecidos os palitinhos, já faziam parte da rotina de várias culturas asiáticas há muito tempo. Eles foram inventados na China há cerca de 5.000 anos. A princípio, os hashis eram apenas gravetos usados para cozinhar, não para comer. Eles eram uma opção mais segura, já que era mais fácil pegar a comida em água fervente do que usar as mãos.

    Confúcio, um filósofo famoso e defensor da paz, ajudou a popularizar os hashis. Ele acreditava que a presença de facas à mesa poderia levar à violência, por isso encorajou o uso de utensílios mais pacíficos. Para ele, um “homem honrado não tolera facas em sua mesa.” Assim, os hashis se tornaram uma maneira mais tranquila de pegar a comida, sem a necessidade de espeto.

    O uso de hashis se espalhou gradualmente para países asiáticos como Japão e Vietnã, por volta do ano 500. Já os garfos começaram a ganhar espaço na Europa depois de serem usados de forma bem primitiva pelos gregos e egípcios para cozinhar. Por volta do século 11, o garfo foi introduzido na Itália e na França como utensílio para comer, vindo do Império Bizantino. Inicialmente, ele tinha apenas duas pontas, e na Europa medieval, era visto com desdém, considerado um utensílio excessivamente luxuoso.

    Durante a Idade Média, a alimentação na Europa era feita principalmente com pedaços de pão duro usados como prato e cortados com facas e colheres. Os garfos só se tornaram comuns no continente europeu lá pelo século 18, já com três e quatro pontas. Essa adoção dos garfos foi lenta, refletindo suas origens como uma novidade à mesa.

    Uma curiosidade interessante é que uma pequena cidade no Japão, chamada Obama, tem uma produção impressionante de hashis. Apesar de ter apenas 33 mil habitantes, Obama é responsável por 80% de todos os hashis laqueados do Japão. O nome da cidade significa “praia pequena” e, curiosamente, não tem relação com o ex-presidente Obama, embora essa coincidência tenha trazido alegrias para os moradores.

    Os hashis de Obama são especialmente valorizados. Os conhecidos como Wakasa-nuri são feitos com mais de uma dúzia de camadas de laca, cada uma com uma cor diferente. Esses utensílios artesanais também podem ter características especiais, como conchas, folhas de ouro e prata, além de um polimento especial chamado migakidashi.

    Na verdade, os hashis são um reflexo da cultura e da história do Japão. O cuidado e a tradição envolvidos na sua fabricação mostram a relação entre a arte e a culinária no país. Cada par de hashis carrega a essência de uma longa tradição que mistura funcionalidade e estética.

    Por outro lado, os garfos, que hoje são tão comuns nas mesas ocidentais, têm uma história de resistência. Mesmo após a sua introdução, levou séculos até que fossem aceitos amplamente. As pessoas estavam acostumadas a comer com as mãos, facas e colheres, e para muitos, o garfo parecia uma inovação desnecessária.

    Ao longo dos anos, os garfos evoluíram também. Eles passaram a ter mais dentes e um formato mais ergonômico, facilitando o uso. Sua popularidade cresceu conforme os hábitos alimentares mudavam e a influência da cozinha francesa, por exemplo, se espalhava.

    Atualmente, enquanto os hashis são um símbolo da cultura asiática e da culinária de países como Japão e China, os garfos são parte essencial da mesa ocidental. Cada um deles carrega uma história rica e uma maneira única de encarar a alimentação.

    A diversidade dos utensílios nos revela muito sobre como diferentes culturas se relacionam com a comida. Além de serem ferramentas práticas, os hashis e os garfos representam tradições que foram moldadas ao longo dos anos, mostrando como (mesmo algo simples como comer) pode abranger tantas histórias e significados.

    Assim, ao apreciar uma refeição, vale a pena lembrar da trajetória dos utensílios que usamos. Se você estiver na Ásia, pode gostar de pegar comida com hashis. Se estiver na Europa, pode preferir um garfo. Independentemente de qual utensílio escolher, a comida sempre será a verdadeira estrela do momento. Essa conexão com a história e a cultura é o que torna cada refeição única e especial.

    Vamos continuar aprendendo e nos surpreendendo com as pequenas coisas do dia a dia. Desde a escolha do que comemos até como o fazemos, cada detalhe carrega um mundo de histórias e tradições. Assim, a próxima vez que você levantar um par de hashis ou um garfo, pense em toda a cultura que esse utensílio representa.

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