Cresce o Desafio de Criar Famílias Numerosas no Brasil
No Brasil, famílias grandes, como a dos Curvello, estão se tornando cada vez mais raras. Anderson Curvello, pai de seis filhos, reflete sobre a logística necessária para reunir seus parentes durante as festas, como o Natal, que costumam incluir cerca de 50 familiares em Itajaí, em Santa Catarina. A situação financeira e a organização do dia a dia geralmente exigem criatividade e adaptabilidade.
Entre 2010 e 2022, a porcentagem de mulheres que têm seis ou mais filhos caiu de 11,49% para 6,99%. Além disso, a taxa de fecundidade diminuiu significativamente, saindo de 6,28 filhos por mulher em 1960 para menos de 1,6 atualmente. Isso reflete uma mudança cultural, onde as famílias estão se ajustando a novas realidades sociais e econômicas. O peso da educação, finanças e a gestão das diferentes necessidades individuais das crianças são alguns dos principais desafios enfrentados por esses pais.
Desde o início da relação, Anderson e Cristiane decidiram que ter filhos não teria limites. A família se mudou para uma chácara, onde realizam suas celebrações. Para evitar gastos excessivos, cada convidado leva um prato para as festas. Eles adotam uma rotina de vida bastante simples, utilizando um carro mais antigo e roupas que são passadas de um filho para outro. Anderson destaca que o Natal para ele é mais sobre a convivência familiar do que sobre a troca de presentes.
“Acham que, para ter uma família grande, é preciso ser rico. Mas não é verdade. Quando os filhos eram pequenos, dávamos lembrancinhas, mas com o tempo, diminuímos a ênfase nos bens materiais”, explica. Ele observa que algumas famílias menores gastam mais do que as que têm muitos filhos.
Em busca de conexão e aprendizado, o casal criou o projeto “Família Pedal 7+”, que se tornou uma comunidade de apoio com mais de 300 mil seguidores nas redes sociais. Eles buscam oferecer a cada filho atividades que atendam seus interesses individuais, como esportes e música. Por exemplo, a filha Elisa, de 12 anos, é campeã brasileira de judô e ajuda a financiar seu esporte vendendo doces.
Anderson menciona a importância do envolvimento de todos nas tarefas da casa: “Temos o apoio de um sobrinho e das avós, mas no dia a dia, todos ajudam”. Ele afirma que todos os filhos participam das tarefas, aprendendo a responsabilidade desde cedo.
Outra família, os Arasaki, em São Paulo, também enfrenta os desafios de criar muitas crianças. Mariana e Carlos, pais da recém-nascida Maria Carolina e de mais 12 filhos, afirmam que, no Natal, o foco está no nascimento de Jesus e na importância de valorizar os laços familiares. Para contornar as dificuldades financeiras, os filhos articulam entre si para presentear de forma consciente e significativa. Eles costumam fazer “Amigo Secreto” e optam por experiências em vez de apenas presentes materiais.
O casal garante que se esforça para dedicar atenção individual a cada filho. A rotina inclui diálogos e dias dedicados a atividades específicas com cada criança. Carlos destaca a importância de rituais diários, como refeições em família, para criar um ambiente acolhedor.
A logística é um grande desafio para muitas famílias numerosas. Regiane Cançado, mãe de sete filhos, também enfrenta dificuldades. Ela já precisou explicar que um passeio ao shopping não era uma colônia de férias. O atrasos de um filho podem causar uma série de complicações na organização dos compromissos familiares. Para ela, a convivência em grupo ensina importante lições sobre negociação e cooperação.
Richard e Leila Ceschini, pais de oito filhos, compartilham desafios financeiros semelhantes. Eles destacam a necessidade de buscar colégios que ofereçam bolsas de estudos, principalmente em tempos de consumismo crescente, onde as crianças ficam pressionadas a ter novos gadgets como celulares.
Diante desses desafios, surgiu a Associação Brasileira de Famílias Numerosas. Criada recentemente, a associação busca oferecer um espaço de apoio para discutir questões como educação e saúde, além de promover melhorias nas condições para essas famílias, como a redução de impostos para veículos maiores.
Em Guaíba, Geise Devit, mãe de seis, também lida com os desafios diários de uma família grande. Ela decidiu, em certo momento, deixar de trabalhar para se dedicar apenas aos filhos, mas percebia que o trabalho também era uma fonte de realização pessoal. Com a ajuda de uma babá, Geise aprende a lidar com a dinâmica de uma casa sempre movimentada, enfatizando que a convivência entre irmãos é uma verdadeira escola de vida, cheia de aprendizados sobre generosidade e respeito.
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