O Sindipeças vem fazendo um trabalho minucioso para entender melhor a frota de veículos no Brasil. Um ponto interessante que sempre comento é que os números da Senatran, que mostram quantos veículos estão registrados oficialmente, só nos contam sobre a “vida” dos carros, mas não sobre seu “fim”.

    É compreensível, já que a burocracia para dar baixa em um veículo pode ser confusa e até desmotivadora. Então, muitos donos de carros acabam não sabendo exatamente quando ou como descartar seus veículos. Em 2024, por exemplo, a frota oficial brasileira mostrou 123,97 milhões de unidades, mas isso inclui motos, ciclomotores e outros tipos de veículos, o que distorce a realidade.

    Diante desse cenário, o Sindipeças elabora anualmente um relatório mais realista. Eles utilizam critérios como a taxa de sucateamento e estimativas de veículos que se perderam em acidentes ou que foram abandonados. Isso ajuda as empresas associadas, que são mais de 500, a planejarem melhor a produção de peças de reposição.

    Nos números, as motos e automóveis em 2024 somaram 62,1 milhões de unidades, o que é um número bem menor do que a Senatran aponta. Tivemos um crescimento lento de apenas 0,8% ao ano entre 2016 e 2023, mas, em 2024, esse aumento foi de 2,8%. Em pouco tempo, as motos registraram um crescimento de 5,7%.

    Um dado que chama a atenção é o envelhecimento da frota. Entre 2015 e 2024, a porcentagem de veículos novos de até 5 anos caiu de 38,5% para apenas 22,3%. Isso representa uma redução significativa, saindo de 16,5 milhões para 10,7 milhões de carros. Por outro lado, os veículos com mais de 16 anos passaram de 17,6% para 23,8%. A média de idade dos carros aumentou de 8 anos e 10 meses para 11 anos e 2 meses.

    A solução, e que poderia ser simples, seria um programa de reciclagem que ajudasse a renovar a frota, aliado à inspeção técnica. Mas, por algum motivo, isso ainda parece estar em segundo plano. Muitos não veem isso como prioridade, mas as consequências podem ser graves, tanto para a segurança no trânsito quanto para a poluição e economia de combustível.

    Atualmente, no Brasil, temos uma relação de 4,4 pessoas para cada veículo — um número bem maior do que na Argentina (2,6) e no México (2,4), e a situação não parece mudar tão cedo.

    Jeep terá série especial e confirma lançamento do Avenger

    Depois de dez anos e mais de 1,3 milhão de veículos fabricados em Goiana (PE), a Jeep fará uma edição especial do Renegade, disponível em 1.010 unidades. O modelo, que já teve um papel importante no mercado, ajuda a manter a marca relevante, especialmente agora que os SUVs dominam 54% das vendas de carros leves no Brasil.

    Essa série especial custará R$ 185.990, o mesmo preço da versão topo de linha atual. A nova edição contará com apliques no capô, no para-lama, e até adesivos nas soleiras das portas. Para os fãs de off-road, haverá também uma mochila e uma camiseta como parte do pacote.

    O presidente da Stellantis, que inclui a Jeep, anunciou um investimento de R$ 13 bilhões em modernização e novos produtos em Pernambuco, o que representa cerca de 45% do total que o grupo vai investir no Brasil até 2030. Isso não é pouca coisa!

    Uma notícia que muitos estavam aguardando é que o Jeep Avenger será nacionalizado e deve ser lançado em 2026. Não foram fornecidos detalhes sobre onde será produzido, mas há especulações de que pode ser na unidade de Porto Real (RJ), que já tem capacidade pronta para novos modelos.

    Produção, primeiro quadrimestre: a maior em seis anos

    A produção de veículos segue forte, ajudando a sustentar o nível de empregos no setor. No primeiro quadrimestre deste ano, foram produzidas 811,2 mil unidades, um número que não era alcançado desde 2019. O presidente da Anfavea, Igor Calvet, prevê um crescimento de 7,8% até o fim de 2025.

    Os números de vendas internas também são otimistas, com um aumento previsto de 6,3% em relação ao ano passado. Atualmente, há 109,5 mil trabalhadores nas fábricas, e somente neste último ano, foram criadas 7.500 novas vagas.

    Um dos fatores que influenciaram esse crescimento foi a alta nas exportações — um aumento de 45% devido ao crescimento do mercado argentino.

    No entanto, preocupações começam a surgir com a alta das importações, que subiram 18,7% entre janeiro e abril, enquanto os veículos nacionais tiveram apenas uma leve melhora de 0,2%.

    E o que dizer dos carros elétricos? Eles ainda representam 2,5% do mercado, mesmo percentual de 2024. Enquanto isso, os carros movidos a gasolina e flex continuam dominando a preferência dos brasileiros.

    Apesar de juros altos, crescimento se mantém

    Apesar dos altos juros, que giram em torno de 30% ao ano para financiamentos, várias marcas continuam esperando um crescimento nas vendas. De acordo com Roger Corassa, da Volkswagen, e Arnaud Mourebrun, da Renault, mais da metade dos veículos novos vendidos ainda usam o Crédito Direto ao Consumidor (CDC).

    As estratégias das montadoras têm sido usar suas próprias instituições financeiras para ajudar a reduzir os juros e manter o crescimento em segmentos como automóveis e comerciais leves. Corassa acredita que, com o lançamento do novo SUV compacto Tera, as vendas poderão superar a média do mercado.

    O presidente da Fenabrave, Arcélio Junior, acredita que o aumento nas vendas pode ser até maior do que os 5% projetados, mas que ele fará uma nova avaliação disso em breve.

    Assim, o cenário, embora desafiador, continua trazendo novas oportunidades e um olhar cauteloso e otimista para o futuro do setor automotivo.

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