O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) anunciou, em uma apresentação realizada na segunda-feira, 31 de março de 2025, em Porto Alegre, os resultados do Projeto Sinais. Esta iniciativa tem como objetivo prevenir a radicalização entre crianças e adolescentes.
Desde o início do projeto, em 2024, foram analisados 178 casos de jovens que apresentavam indícios de radicalização ou estavam em risco de se tornarem radicalizados. Dentre esses casos, 61 ainda estão em acompanhamento. A situação ressalta a necessidade urgente de a sociedade se conscientizar sobre a importância de agir rapidamente para evitar a violência extrema entre os jovens.
O procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, destacou a relevância da informação e da ação comunitária. Ele levantou questionamentos sobre o que cada um pode fazer, incluindo os pais e a sociedade em geral, para enfrentar as raízes dessa violência.
Fábio Costa Pereira, procurador de Justiça e coordenador do Projeto Sinais, comentou sobre a influência das redes sociais na formação da juventude. Ele observou que, em muitos dos casos monitorados, os pais não têm conhecimento sobre o que seus filhos consomem online e que muitos adolescentes são vítimas de bullying. Esses elementos podem contribuir para o surgimento de comportamentos radicais.
Um dos métodos utilizados na identificação de jovens em risco é o monitoramento digital, que permite reconhecer padrões de comportamento. Michele Prado, especialista em extremismo online, explicou que as interações nas redes sociais, como postagens, comentários e curtidas, podem indicar riscos potenciais.
Ela também apontou que o TikTok se tornou uma plataforma significativa para o recrutamento de adolescentes, onde eles podem receber convites que os encaminham para grupos fechados no Discord, um espaço digital com pouca supervisão e que pode ser utilizado por pessoas envolvidas em atividades ilícitas.
O Projeto Sinais utilizou a minissérie “Adolescência”, disponível na Netflix, para abordar temas relacionados à violência juvenil, como misoginia, bullying e masculinidade tóxica. A série narra a história de um garoto de 13 anos que é acusado de assassinar uma colega de forma brutal. Lançada em março, a minissérie já conquistou uma audiência expressiva, com mais de 6,5 milhões de visualizações ao redor do mundo, tornando-se uma das produções mais assistidas no Reino Unido.
Essas discussões e iniciativas buscam trazer à tona a importância de uma ação conjunta entre famílias, escolas e instituições para prevenir a radicalização entre os jovens, promovendo ambientes mais seguros e saudáveis.