Detido com dinheiro na roupa íntima fecha contrato com o governo Lula

Em janeiro, Renildo Evangelista Lima, proprietário da Voare Táxi Aéreo, firmou um contrato de R$ 15,8 milhões com o Ministério da Saúde. Este contrato, válida por um ano, tem o objetivo de fornecer serviços de transporte aéreo para o Sistema Único de Saúde (SUS) na Terra Yanomami, localizada na região norte do Brasil. No entanto, em setembro de 2024, Renildo foi preso pela Polícia Federal ao ser encontrado com dinheiro escondido dentro da cueca.

Renildo é casado com Helena Lima, uma deputada federal do partido MDB, conhecido como “Helena da Asatur”. Helena faz parte da base de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara dos Deputados e é próxima do atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e da ex-ministra Nísia Trindade. Essa conexão política levanta questões sobre a relação entre contratos governamentais e a empresa de Renildo.

O Ministério da Saúde, que não se manifestou publicamente sobre a prisão de Renildo, é considerado o maior cliente da Voare, com contratos que somam R$ 164 milhões. Após a prisão, a Voare declarou que a ação da Polícia Federal foi “ilegal”.

Em sua prestação de contas mais recente, Helena Lima reportou um patrimônio de R$ 10,9 milhões, que inclui 10% das ações da Voare. Durante sua última campanha eleitoral, ela obteve 10.700 votos e recebeu R$ 350 mil em doações do marido.

Além do Ministério da Saúde, a Voare possui outros contratos expressivos com o governo. Por exemplo, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça, firmou um contrato de R$ 46 milhões em junho, pouco antes da prisão de Renildo. O Ministério da Defesa também mantém contratos com a empresa que totalizam aproximadamente R$ 1 milhão.

Desde que Helena Lima começou seu mandato em 2023, a Voare celebrou 17 contratos com o governo, acumulando um total considerável de R$ 610,6 milhões provenientes da União. Ao longo desse período, a empresa também recebeu isenções fiscais no valor de R$ 11,5 milhões e R$ 3,1 milhões via emendas parlamentares.

Apesar das complicações legais enfrentadas por Renildo, a Voare afirma que ele conseguiu uma decisão judicial que garante sua liberdade e destacou que forneceu documentação oficial às autoridades para provar a ilegalidade da ação policial que resultou em sua prisão.