Porsche desiste de 80% de elétricos e volte-se ao que o cliente quer

A Porsche decidiu dar um passo atrás em sua estratégia de eletrificação. Durante uma Assembleia Geral, o CEO Oliver Blume anunciou que a transição para veículos totalmente elétricos vai acontecer de forma mais lenta do que se imaginava. Isso deve aliviar a ansiedade de quem ainda curte motores a combustão.

A ideia é que, em vez de se concentrar apenas em elétricos, a marca mantenha opções a gasolina e híbridas em sua linha de produtos até pelo menos 2030. Blume destacou que os consumidores terão a liberdade de escolher entre veículos a combustão, híbridos e elétricos. Para os fãs do clássico 911, isso significa que o motor a combustão deve continuar por muitos anos.

Embora a empresa tenha planos para um 911 elétrico futuramente, isso não está nos planos imediatos. Para o segmento esportivo, algo interessante está a caminho, mas o lançamento do 718 elétrico passou de 2026 para 2027 por problemas na entrega de baterias. É aquela velha história: às vezes, até as grandes marcas enfrentam percalços.

Além de manter os modelos tradicionais, a Porsche quer expandir sua linha com novos carros a gasolina e híbridos que irão coexistir com os elétricos. Um exemplo é um novo SUV que vai concorrer com o Macan mas que terá motor a combustão. O nome “Macan” será reservado para a versão elétrica que deve chegar em 2024.

Outro modelo que vai continuar a ser vendido com motor a combustão é o popular Cayenne. Esse SUV receberá também versões híbridas e elétricas, garantindo que todos possam encontrar algo que atenda às suas necessidades. A Porsche já confirmou que um novo motor V8 está sendo desenvolvido para o Cayenne, que deverá ser oferecido por mais uma década.

Porém, essa mudança de rumo não sai barata. A Porsche estima que essa nova estratégia custará cerca de 1,3 bilhão de euros, o que seria em torno de 1,5 bilhão de dólares, até 2025. É um investimento significativo, especialmente considerando que a demanda por veículos elétricos no segmento premium não foi tão alta quanto esperado.

Nos Estados Unidos e na China, a procura por elétricos já caiu, o que fez a Porsche adaptar sua oferta, mantendo modelos com motor a combustão. Além disso, a montadora enfrenta outros desafios, como tarifas de importação e uma queda nas vendas na China, que despencaram 28% em 2024.

Para contornar esses desafios financeiros, a Porsche anunciou que irá cortar cerca de 3.900 postos de trabalho até 2029, mas a ideia é que isso aconteça de forma controlada, utilizando aposentadorias e programas voluntários.

Apesar de toda a pressão para adotar uma postura mais verde, a Porsche está optando por uma abordagem cautelosa, focada na demanda real do consumidor. A marca quer manter sua tradição esportiva e a engenharia de alta qualidade que a tornou famosa mundialmente.